segunda-feira, 20 de maio de 2019

O Mito de Sísifo (Albert Camus, 1942) Anotações pessoais. Parte 1:"o homem absurdo".


Estou lendo esse livro O Mito de Sísifo para tentar entender como alguém cuja imensa dor começou com a morte do pai dele quando Albert Camus ainda era um bebê em Argélia e só terminou quando finalmente a tuberculose o matou poderia amar tanto a vida.

Essas notas me ajudaram muito. Espero que ajude a mais alguém.

"Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio.
Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à
questão fundamental da filosofia". (Albert Camus, 1942, p. 7).

"[...] Vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que paradoxalmente se fazem matar pelas idéias ou as ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão para morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas". (Albert Camus, 1942, p. 8).

"O suicídio sempre foi tratado somente como um fenômeno social. Ao invés disso, aqui se trata, para começar, da relação entre o pensamento individual e o suicídio. Um gesto como este se prepara no silêncio do coração, da mesma forma que uma grande obra. O próprio homem o ignora. Uma tarde ele dá um tiro ou um mergulho". (Albert Camus, 1942, p. 8).

"O que é verdadeiro para sentimentos já especializados o será mais ainda para emoções" [...] (Albert Camus, 1942, p. 12).

"Ensina-nos que um homem se define tanto por suas comédias quanto por seus impulsos sinceros". (Albert Camus, 1942, p. 13).

[...] "afirmando que tudo é verdadeiro, afirmamos a
verdade da afirmação oposta e, conseqüentemente, a falsidade da
nossa própria tese (pois a afirmação oposta não admite que ela
possa ser verdadeira). E, se dizemos que tudo é falso, também esta
afirmação se torna falsa". (Albert Camus, 1942, p. 17).

"É preciso considerar como uma referência permanente, neste ensaio, a constante separação entre o que imaginamos saber e o que realmente sabemos, o consentimento prático e a ignorância simulada que nos levam a viver com idéias que, se verdadeiramente experimentássemos,deveriam perturbar toda a nossa vida". (Albert Camus, 1942, p. 18).

"Existe um fato evidente que parece inteiramente moral: é que um
homem é sempre a presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, ele não saberia se desligar delas".  (Albert Camus, 1942, p. 27).

"Eu tomo a liberdade de chamar agora de suicídio filosófico a atitude existencial. Mas isso não implica um julgamento. É uma maneira cômoda de designar o movimento pelo qual um pensamento se nega a si mesmo e tende a se ultrapassar naquilo que constitui sua negação. Para os existenciais, a negação é seu Deus. Exatamente: esse deus só se sustenta com a negação da razão humana.  Mas,
como os suicidas, os deuses mudam junto com os homens. Há diversas maneiras de saltar, mas o essencial é saltar. (Albert Camus, 1942, p. 33).

"O raciocínio que este ensaio vem pretendendo -- é preciso dizê-lo uma vez mais -- deixa completamente de lado a atitude espiritual mais propalada em nosso século esclarecido: a que se apóia sobre o princípio de que tudo é razão e que tem em vista dar uma explicação do mundo". (Albert Camus, 1942, p. 34).

"Pensar é reaprender a ver, dirigir a consciência, fazer de cada imagem um lugar privilegiado. Em outras palavras, a fenomenologia se recusa a explicar o mundo: quer apenas ser uma descrição do vivido". (Albert Camus, 1942, p. 34).

"O mundo para ele [Husserl] não é nem tão racional, nem a tal ponto irracional. Ele é despropositado e apenas isso". (Albert Camus, 1942, p. 38).

"É no final desse caminho difícil que o homem absurdo reconhece suas verdadeiras razões. Comparando sua exigência profunda ao que então lhe é proposto, ele sente, de súbito que vai se desviar". (Albert Camus, 1942, p. 38).

Enfim, "Meu raciocínio pretende ser fiel à evidência que ele despertou. Essa evidência é absurda. É esse divórcio entre o espírito que deseja e o mundo que ilude, minha nostalgia de unidade, esse universo disperso e a contradição que os encadeia". (Albert Camus, 1942, p. 39).


Jesus nos quer desarmados ou armados?


Muitos religiosos, fazendo um discurso politicamente correto, dirão que Ele nos quer desarmados. Mas não é verdade.

D’US nos quer armados em muitas passagens.

“Mas agora” – disse-lhes ele –, “aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa para comprar uma. (Lucas 22, verso 36).

Entretanto, a espada deve ser  usada para a segurança de quem a usa.
Jesus, no entanto, lhe dis¬se: “Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão”. (São Mateus 26, 52).

 A palavra espada aparece 406 vezes na Bíblia de Jerusalém.  No contexto em que Lucas manda que se venda uma capa para comprar uma espada, o capítulo 22, Jesus que era um judeu (o catolicismo só passará a existir quase 300 anos mais tarde), se reúne com os discípulos para celebrar o último Shabbat dele.

O Shabbat começa na noite de sexta-feira e vai até a noite de Sábado. Aquele, entrementes, era especial, pois estavam nos dias de Comemoração da Páscoa Judaica (Pêssach). 

É nesse clima de aflição, pois Jesus sabe que corre risco de morte e as rezas do Shabbat que está a porção das Duas Espadas do evangelho de Lucas (22, versos 35, 38).

Anotações sobre a Introdução de “A Loucura do Trabalho” (Dejours, 2014, p. 11-26): ficha crítica.

§1 Há uma passagem na Apresentação feita por Leda L. Ferreira de A Loucura do Trabalho que sintetiza bem ao gosto da Psicodinâmica de...